Segundo a Norma Regulamentadora “NR-11 – Transporte, movimentação, armazenagem e manuseio de materiais”, item 11.1.3, as talhas, entre outros equipamentos de movimentação de materiais, devem ser calculados e construídos de maneira que ofereçam as necessárias garantias de resistência e segurança, e conservados em perfeitas condições.
Item 11.1.3.1: “Especial atenção será dada aos cabos de aço, (...) que deverão ser inspecionados, permanentemente, substituindo-se as partes defeituosas.”
Item 11.1.3.2: “Em todo o equipamento será indicado, em lugar visível, a carga máxima de trabalho permitida.”
Com redação mais recente, a Norma Regulamentadora “NR-18 – Condições e meio ambiente de trabalho na indústria da construção” no item 18.16.2.1 determina: “Os cabos de aço devem ter carga de ruptura equivalente a, no mínimo, 5 (cinco) vezes a carga máxima de trabalho a que estiverem sujeitos e resistência à tração de seus fios de, no mínimo, 160 kgf/mm² (cento e sessenta quilogramas-força por milímetro quadrado).”
Item 18.16.1: “É obrigatória a observância das condições de utilização, dimensionamento e conservação dos cabos de aço utilizados em obras de construção, conforme o disposto na norma técnica vigente NBR 6327/83 - Cabo de Aço/Usos Gerais da ABNT.”
PLANO DE INSPEÇÃO EM CABOS DE AÇO E TALHAS
Para manter os trabalhos que envolvem movimentação de cargas em condições permanentes de segurança, é essencial planejar e desenvolver um programa de inspeções regulares nos cabos de aço e demais componentes de tais equipamentos.
O primeiro passo é apontar o responsável, ou responsáveis, por essa inspeção. É aconselhável que os funcionários indicados sejam qualificados (mecânicos de manutenção, ajustadores mecânicos, entre outros), para que diante de quaisquer irregularidades durante o ato de inspeção, o problema seja prontamente resolvido.
Figura 1: modelo de ficha de inspeção de cabos de aço. |
COMPRA DE CABOS DE AÇO
Portanto, verifique visualmente ou por meio de certificado de qualidade se não foram entregues cabos de construção diferente da solicitada, ou seja, menor número de arames por perna (6x7 ao invés de 6x36, por exemplo).
É comum encontrar pessoas entregando cabos de aço usados como se fossem novos. Os cabos são engraxados novamente para enganar o comprador. Para ter a certeza de que o cabo recém adquirido não se enquadra nestas condições, limpe um trecho de 10 cm do cabo com a ajuda de um solvente, para checar se os arames estão desgastados ou se os fios estão partidos.
Ao comprar, sempre peça o certificado de qualidade que é enviado pelo fabricante ao fornecedor.
Figura 2: constituição de um cabo de aço. |
O que é um passo de um cabo?
O passo de um cabo é a distância na qual uma perna dá uma volta completa em torno da alma do cabo.
Figura 3: definição de passo. |
Como medir o diâmetro de um cabo?
Figura 4: modo correto de aferir o diâmetro do cabo. |
INSPEÇÃO
Cabos de aço: o que inspecionar?
- Número de arames rompidos: Deve-se anotar o número de arames rompidos em um passo (veja figura 3) ou em cinco passos do cabo. Observar se as rupturas estão distribuídas uniformemente, ou se estão concentradas em uma ou duas pernas. Nesse caso, há perigo de essas pernas se romperem antes do cabo. É importante também observar a localização das rupturas; se são externas, internas ou no contato entre as pernas.
- Arames gastos por abrasão: mesmo que os arames não cheguem a se romper, podem atingir um ponto de desgaste tal, que torne o seu uso perigoso. Na maioria dos cabos flexíveis, o desgaste por abrasão não constitui um motivo de substituição, se não apresentarem arames partidos. Quando se observa uma forte redução da seção dos fios externos e, consequentemente, do diâmetro do cabo, deve-se considerar a troca do cabo.
- Deformações: geralmente são causadas pelo mau uso.
- Amassamentos: são ocasionados pelo enrolamento desordenado no tambor.
- Alma saltada: causada pelo alívio repentino de tensão no cabo que provoca um desequilíbrio de tensão entre as pernas do cabo (veja figura 5).
- Gaiola de passarinho: ocorre quando o cabo é submetido a alívio de tensão repentino veja figura 5).
- Dobra ou nó: é caracterizado pela descontinuidade no sentido longitudinal do cabo (veja figura 5).
Figura 5: exemplos de distorções que obrigam à troca imediata do cabo. |
Substituir o cabo quando...
- Os arames rompidos visíveis no trecho mais prejudicado atingirem os seguintes limites:
- 6 fios rompidos em um passo; ou
- 3 fios rompidos em uma única perna.
- Aparecer corrosão acentuada;
- Os arames externos se desgastarem mais do que 1/3 de seu diâmetro original;
- O diâmetro do cabo diminuir mais do que 5% em relação ao seu diâmetro nominal;
- Aparecerem sinais de dano por alta temperatura.
- Aparecer qualquer distorção no cabo como dobra, amassamento ou "gaiola de passarinho" (veja figura 5).
Polias
A seção transversal do canal da polia deve permitir um perfeito assentamento do cabo (veja figura 6).
Figura 6: assentamento do cabo na polia.
O canal das polias não pode apresentar desgaste ou defeitos superficiais (veja figura 7).
Figura 7: desgaste no canal da polia. |
COMO AUMENTAR A VIDA ÚTIL DO CABO DE AÇO
Lubrificação
Os laços e cabos de aço devem ser bem lubrificados periodicamente, protegendo-os da corrosão e diminuindo os atritos internos e externos, aumentando sua durabilidade.
Nunca se deve utilizar óleo queimado para tal operação, apenas os lubrificantes especialmente desenvolvidos para esse fim. O óleo queimado é uma substância ácida que, em vez de proteger, acelera o processo de corrosão e normalmente apresenta partículas que acabam aumentando o desgaste do cabo por abrasão.
Existem diversas formas de lubrificação, sendo que a mais eficiente é realizada por gotejamento ou pulverização, com o lubrificante sendo aplicado na região do cabo que passa pelas polias e tambores.
Figura 8: como lubrificar cabos de aço. Da direita para a esquerda: com pincel, com estopa e por gotejamento ou pulverização. |
Colocação de grampos (clipes)
Importante: Use apenas grampos do tipo pesado.
Veja abaixo os erros mais comuns.
Figura 9: como colocar os grampos da maneira correta. |
Para cabos de diâmetro até 5/8 (16 mm) deve-se usar, no mínimo, três grampos. Este número deve aumentar nos de cabos de maior diâmetro.
Manuseio do cabo de aço
Figura 10: como manusear cabos de aço. |
Nunca deixe que o cabo de aço tome a forma de um pequeno laço. Ele é o começo de um nó e por isso deve ser imediatamente desfeito. Com o nó feito (veja figura 11), a resistência do cabo é reduzida ao mínimo.
Figura 11: evolução do nó em cabos de aço. |
BIBLIOGRAFIA
MTE – MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO. NR-11 – Transporte, movimentação, armazenagem e manuseio de materiais. Editora Atlas S.A., São Paulo, 2009.
MTE – MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO. NR-18 – Condições e meio ambiente de trabalho na indústria da construção. Editora Atlas S.A., São Paulo, 2009.
ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6327 / 83 – Cabos de aço para uso geral – Requisitos mínimos. ABNT, 2006.
MELCONIAN, S. Elementos de máquinas. Editora Érica, São Paulo, 2005.
CABOFER CABOS DE AÇO E ACESSÓRIOS. http://www.cabofer.com.br/dicas.html.
UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ. Apostila de elevadores de obra. Curitiba, 2008.
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